Coletividade, sustentabilidade e ética são temas no 4º Fórum de Mobilidade Urbana

25 Novembro 2017

Por onde começar quando o assunto são questões que envolvem o trânsito e a mobilidade no espaço urbano? Qual o ponto de partida para se chegar a soluções que contribuam para construção de uma cidade sustentável e segura? 

As respostas podem começar com a reflexão de quem somos, do que estamos fazendo uns com os outros e de como viver juntos. Essa foi a provocação feita pela filósofa e professora, Márcia Tiburi, na palestra A ética e o futuro das cidades do 4º Fórum Goiano de Mobilidade Urbana e do 4º Seminário de Saúde Pública e Trânsito. Os eventos foram realizados nos dias 23 e 24 de novembro na Câmera Municipal de Goiânia. 

Para Márcia falta ética às pessoas, ou seja, falta uma busca por auto compreensão crítica, de questionamento sobre si. E isso se torna extremamente preocupante quando pensamos nossa relação com a cidade, com o outro. 

Segundo a professora, a falta de reconhecimento do outro é o que constitui a dimensão autoritária das nossas vidas, porque, se nós nem conseguimos enxergar o outro, não seremos capaz de respeitá-lo. 

“Uma questão pra gente pensar: Por que gostamos mais dos carros e por que não valorizamos os seres humanos que são iguais a nós?”, instigou Márcia Tiburi, enfatizando que os carros, tidos como símbolo de status, viraram um paradigma da mobilidade que precisa ser revisto ao se abordar o tema transporte. 

Nesse sentido, uma cidade, em termos éticos, deveria ser um lugar aconchegante e confortável para as pessoas, onde elas pudessem desenvolver as suas potencialidades com respeito às diferenças. 

 A cidade somos nós 
Com o tema #Pensar Cidades, o 4º Fórum Goiano de Mobilidade Urbana teve como objetivo refletir sobre práticas de gestão dos deslocamentos de pessoas e veículos nas cidades, contribuir para a produção, difusão de conhecimentos e princípios para a Mobilidade Urbana sustentável, discutir políticas públicas que favorecem o transporte coletivo no Brasil e no estado de Goiás e propor formas de reduzir a mortalidade por acidentes de trânsito. 

Na abertura do evento, o pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, Marcos Torres, que representou o reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Haroldo Reimer, lembrou que as cidades materializam as relações humanas, portanto, debatê-las é discutir a condição de vida social. 

“As cidades ganham vida diante dos nossos valores, dos nossos símbolos, da nossa estética e diante das hierarquias que nós propusemos como sociedade para o exercício da vida. O urbano somos nós, não tem como discutirmos a cidade, se não estamos abertos a discutir nós mesmos”, assinalou Marcos. 

Nesse sentido, para o pró-reitor, essa trajetória é de responsabilidade da Universidade, principalmente por meio do seu Programa Educando e Valorizando a Vida (EVV). 

                                                                                         Trânsito em dados 
Em sua fala na abertura do Fórum, o Chefe do gabinete do Detran Goiás, Antônio Augusto Azeredo Coutinho Filho, representante do presidente Manoel Xavier Ferreira Filho, apresentou alguns dados sobre o trânsito em Goiânia e em Goiás. Atualmente, circulam no Estado mais de 3 milhões e 700 mil veículos, sendo aproximadamente 1 milhão e 200 mil só na capital.   

Esse volume, somado ao crescimento desordenado da cidade, traz resultados perturbadores, como longos congestionamentos, falta de estacionamento e dificuldades de deslocamento. Essas complicações, além de gerarem conflitos e morte no trânsito, geram problemas ambientais e de saúde pública.   

“Assim, o nosso desafio, enquanto gestores e cidadãos, é abdicar da herança da política rodoviarista do país, diversificando os modais de transporte e incentivando o comportamento seguro e sustentável no trânsito”, concluiu Antônio Augusto.  

Deusdete Vaz, representante do Secretário Estadual de Saúde (SES), Leonardo Vilela, também mencionou alguns números que refletem os transtornos no trânsito goiano. Segundo ele, mais de 70% dos atendimentos nos hospitais em Goiás são oriundos de acidentes de trânsito, o que corresponde a um gasto mensal de 9 milhões de reais para a Secretaria. 

“Nós temos uma preocupação com o volume de recursos que são aplicados nessas questões, mas, sobretudo, nos preocupam as sequelas psicológicas e físicas daquele que é vítima de um acidente de trânsito. Essa conta a gente já paga, só que estamos pagando para tratar, e nós gostaríamos muito de pagar para prevenir”, ressaltou Deusdete. 

Também participaram da mesa de abertura do Fórum o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU|GO), Arnaldo Mascarenhas Braga e o vereador de Goiânia, Felisberto Tavares. 

Outras atividades 
A programação do Fórum contou com a mesa-redonda Novos paradigmas educacionais e suas influências na formação e na prática de condutores, com a participação de representantes do Denatran, Detran e do EVV. 

Além disso, houveram mesas de debate sobre crise, educação e políticas de mobilidade urbana, com a participação da Ministra da Saúde de Portugal, Gregória Paixão Von Amann e as professoras Ermínia Maricato e Irene Quitans. 

Segurança nos deslocamentos e transportes sustentáveis também foram temas de discussão no evento. 

O 4º Fórum Goiano de Mobilidade Urbana e o 4º Seminário de Saúde Pública e Trânsito foi uma realização da UEG por meio do Programa Educando e Valorizando a Vida, da Secretaria de Estadual de Saúde, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás e da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (SECIMA). 

Confira mais fotos do Fórum.

 

(Adriana Rodrigues| CeCom|UEG)

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