Desenvolvimento curricular da UEG é tema de simpósio em Pirenópolis

Dona Marieta de Souza Amaral, poetisa, escritora e contadora de causos, abriu as atividades do segundo dia do I Simpósio de Desenvolvimento Curricular da Graduação na Universidade Estadual de Goiás (UEG), realizado nos dias 23 e 24 de abril, no auditório Teodorico Pereira, na UEG Câmpus Pirenópolis.

Marieta recitou três poemas de sua autoria e foi aplaudida de pé pelos docentes e diretores dos câmpus da UEG ali presentes. Reconhecida com o título de Mestre Griô pela Comunidade Educacional de Pirenópolis (COEPi), Marieta explica a importância da poesia em sua vida e como se dá a transmissão do saber aos seus ouvintes. “Minha poesia vem dos meus sofrimentos, de tudo que vivi. Passo minhas vivências pra frente, com orgulho. Griô é um mestre da vida simples e passa suas experiências pela tradição oral”.

A presença da poetisa ali desenha bem os rumos das discussões dos currículos dos cursos da UEG. Rever o papel de quem ensina e do que significa a formação foram provocações levantadas no Simpósio. Buscando uma maior humanização das matrizes, o Grupo de Trabalho (GT) de Desenvolvimento Curricular, coordenado pela Pró-Reitoria de Graduação (PrG), vem sistematizando, desde agosto de 2013, projetos pedagógicos que coloquem o sujeito e seus contextos no centro das discussões dos currículos da Universidade.

 Discutir docência

A conferência que abriu o Simpósio, no dia 23, a cargo da professora Bernadete Gatti (Universidade de São Paulo), apresentou um panorama do que representa ser docente na graduação no País, pontuando os desafios de uma federação que há muito marginaliza o papel do professor, tanto no ensino básico quanto na academia.

Já no segundo dia, uma mesa-redonda composta por professores representantes das modalidades de cursos –  licenciatura, bacharelado e tecnológico – propôs reflexões sobre a organização curricular da graduação. O professor Francisco Ramos de Melo, do Programa de Mestrado de Engenharia Agrícola do Câmpus Henrique Santillo, por meio de um discurso que se baseou na evasão dos alunos na graduação, pensou a revisão das disciplinas fundamentais de cada área. Tal revisão priorizaria, principalmente, a sedução do aluno em seus primeiros períodos, dando mais espaço para as reflexões. “Temos de pensar nossa responsabilidade de formadores, fazendo os estudantes priorizarem o papel de sua formação e não, apenas, o recebimento de um diploma”, destaca.

Já a professora Míriam Fábia Alvez, coordenadora de Licenciaturas e Educação Básica da PrG da Universidade Federal de Goiás (UFG), percebe que a atual matriz curricular das graduações e a agenda de trabalho de docência no ensino superior se colocam como obstáculos para a troca de experiência entre os mestres. “Eventos como este são importantes para que a gente compartilhe nossas experiências de sala de aula”, afirma. Míriam é licenciada em História pela UEG e conhece a realidade da docência do ensino superior público em Goiás. “86% dos alunos de licenciatura são de escolas públicas. Isso porque os alunos da classe média são cruelmente desencoarajdos a se tornarem professores”, analisa.

Ao fim do Simpósio, o professor Renato Dias de Souza, coordenador do GT, apresentou a proposta de diretrizes para o desenvolvimento curricular na UEG, elaborada pelo Grupo de Trabalho. A atual proposta prevê, para os cursos da UEG, diálogo interdisciplinar e uma identidade institucional baseada na conscientização dos direitos humanos, diversidade étnico-racial e educação ambiental. Essa proposta será discutida posteriormente nos encontros regionais, dos quais farão parte coordenadores de cursos, coordenadores pedagógicos dos câmpus, docentes e representantes discentes.

Para saber mais sobre as diretrizes curriculares propostas pelo Grupo de Trabalho – e que passarão por discussões e reformulações nos encontros regionais – clique aqui.

(CGCom)